domingo, 4 de março de 2012

O encontro

“Esqueci a palavra que pretendia dizer, e meu pensamento,
privado de sua substância, volta ao reino das sombras.”
O. Mandelstam

Olharam-se. Ela mexeu no cabelo do homem, que a envolveu em seus braços. Os corpos juntos. Quentes. Sedentos um do outro. Ele beijou a nuca da mulher, que o envolveu em seus braços. Corações acelerados. Respiração ofegante. Olharam-se. Ela sorriu. Ele sorriu. A mulher baixou o olhar. O homem dobrou levemente a cabeça para o lado. Beijaram-se. Ela escorregou a língua no pescoço do homem, que passou a língua no ombro da mulher. Arrepiados. Excitados. E voltaram a se beijar. Demorado, muito demorado. A mulher suspirou. O homem suspirou. Ele passou a mão nos seios da mulher, que beijou o peito dele. A pele. A alegria da sensação – o querer bem. Desejos. Envolvimento. Esquecidos do mundo. Esquecidos do tempo. A vida – o único contato. Caminharam. O barulho do mar. A solidão da praia. O vento quente. O final da tarde. Passos cadenciados. Pararam. Tornaram a se olhar. Tornaram a se beijar. Tornaram a se acariciar. O homem – o todo do momento. A mulher – o pleno do agora. Voltaram a caminhar. Passos lado a lado. Unidos. O balanço das mãos dadas. O balanço das ondas do mar. O sorriso dos corpos. A alegria de estar – juntos. Pararam. O portão. A casa. Olharam-se. Abraçaram-se. Beijaram-se. E se despediram sem dizer uma só palavra. Amavam-se.

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