domingo, 11 de março de 2012

O Menino e a Flor

Outro dia, desfiando horizontes,
Coloquei os pés nas nuvens
Solo fértil – quase algodão
Plantei
Era verão
Ela?
Quase-mulher-menina-ainda
Cabelos negros e lisinhos, lisinhos
Olhos também negros – pareciam...
Comparações vãs!
(Basta saber que os olhos eram negros)
Entre tantas, um nome
Ente tantas, um querer
Menino feito de sonho
Quase-homem-menino-feito
Quase de vidro
Fragilidade e transparência
Tão sincero o Amor
Amor se quebra?
O menino não sabia
Amava a menina quase mulher
Amava a mulher na menina?
Amar é bom (ele descobria)
E cantava
E sorria
Quase dançava (ainda não sabia/ainda não sabe)
E regava a semente
Da flor
No coração
Todo dia
A flor crescia
O Amor crescia
O menino crescia
A menina?
Passava perto, tão perto
Era só arrancar a flor
Estender a mão...
A mão da menina
Na mão de outro menino
A flor no chão
Pétalas que o vento leva
O menino
Sem flor
Cadê o Amor?
O menino
Sozinho - apenas um coração
Solo fecundo – folhas apodrecidas
O tempo espalhou sementes
Outra flor
Entre tantas, outro nome
Ente tantas, outro querer
Mulher-menina-ainda
Homem-feito-menino
Quase de aço
Amor dura pra sempre?
O homem olhou o jardim
O vento balançava a flor
A flor desenhava letras
Letras formavam um nome
Um nome esquecido no tempo
O tempo do menino no homem
O homem titubeou
Não arrancou a flor
Juntou as palavras
A mulher (que nunca ganhara um poema) chorou
Lágrimas fecundas
O Amor

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