sábado, 10 de março de 2012

A Praça (de Barreiros)

A pracinha de Barreiros já teve mais cara de praça. Tinha balanço, gangorra, escorregador e verde, muito verde. Havia pais brincando com os filhos, namorados trocando juras (nem tão) eternas de amor, pombos e passarinhos. Barreiros cresceu. A praça ficou esquecida – a depredação. Vieram os moradores de rua, os desocupados, os cachorros sem dono. E a polícia tomou conta da área. Construiu um quartel e fechou o campinho. Cadê o grito de gol? Cadê o sorriso da criança no balanço? Cadê o friozinho moleque no escorregador? Coisas do passado... Agora, sirenes ligadas, soldados armados – o medo. Barreiros não parou de crescer. E a população (doente) precisou de médicos, remédios – a cura. Onde construir o posto de atendimento médico? Mais uma vez, a praça, sem voz, cedeu o seu espaço. Tijolos, cimento e operários ocuparam o lugar do lazer. Agora, a população tem segurança, mas não tem lazer; agora, a população tem saúde, mas não tem lazer. O que fazer com o tempo livre? Onde levar as crianças para passear? Onde levar o cãozinho para fazer xixi? Onde namorar nas tardes de domingo? Antigamente, a vida corria solta em Barreiros. E a garotada brincava de rolimã, bicicleta e carretão no meio da rua; além de um joelho esfolado, não havia qualquer perigo. Hoje, porém, isso não é mais possível. O asfalto inviabilizou qualquer prática de esporte nas vias públicas do bairro. Para além da saúde e da segurança, portanto, há que se preservar as áreas destinadas ao lazer. E, como o espaço da praça de Barreiros diminuiu bastante, conclui-se que o lazer, em São José, é tratado como supérfluo, um luxo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário