Havia um Deus
I
Havia um Deus
Ente sem limites
Na minha infância;
Havia um Deus
E tudo era puro
Tudo em fantasia;
Havia um Deus
E sem me dar conta
Fui sendo dos outros;
Havia um Deus:
Na manhã da vida
Eram sem defeitos.
II
Nas folhas do rosto
O tempo é que assenta
O curso do dia
Com palavras plumes.
Chegado no agora
O feito cotejo
E sinto que sobram
Vontade e esperança.
III
O fogo que cuido
Aqui se alimenta
Aqui há tempero,
Vontade e esperança.
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*******
Nada mais preciso
Nada mais preciso,
Neste meu precário
Efêmero reino,
Do que este silêncio
Que há no relógio
Do tempo irreverso;
Do que a solidão
Mais plena que tudo
Que há nestas paredes.
O meu mundo é agora,
Aqui e nunca mais.
Procuro sondar-me:
O desconhecido
Que há dentro de mim
É sempre tão vário
Ignoto diverso
Que fico perplexo
Tomado de espanto
Nada mais preciso
Que o mundo do verso:
Aqui me construo
A cada fonema
Zanon, Artêmio. Arca de Salvação: poemas. Florianópolis : Etnias, 2007.
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