sábado, 17 de março de 2012

Dona de Casa

A primeira coisa que faço pela manhã é olhar as crianças dormindo. Gosto de vê-las quietinhas, parecendo uns anjinhos. Durante o dia não dá. Sempre tenho alguma coisa pra fazer. Ainda mais agora, que a máquina de lavar estragou. Chamei um homem pra fazer o conserto. Ele olhou daqui, olhou dali. Tirou algumas peças. Fez alguns testes e concluiu: Eu vou ter que levar ela pra oficina. Fiquei sem a máquina. Imagina se ela não funciona mais e eu tenho que comprar outra. Nem quero pensar. O meu salário mal dá pra manter as coisinhas básicas aqui de casa. Se eu tiver que fazer mais prestação, preciso arrumar outro emprego. A não ser que eu peça um aumento da pensão. Será que o Henrique faria isso? Pelas crianças, é claro. Porque por mim... Não sei, do jeito que ele é esganado, duvido muito. A outra é que teve sorte. Tudo o que ele conseguiu foi com a minha ajuda, com o meu suor. E o que ele fez? Me trocou por aquela magricela. Não, mas eu mereço! Que é pra deixar de ser burra. Pra mim sobrou cuidar das crianças, que dão uma trabalheira que só. De tempos em tempos ele aparece aqui. Pega as crianças e leva pra passear. E dá tudo que elas pedem. Eu aprendi de outro jeito. Acho que as crianças precisam aprender o valor das coisas. Eu me esforço pra dar o exemplo, mas ele bota tudo a perder. Tadinhas, longe do pai... Mais um pouco e as crianças acordam. Preciso começar a fazer o café senão elas já pulam da cama reclamando. O homem disse que a máquina ficaria pronta ontem. Esperei o dia todo. Nada. Será que tenho que ligar pra ele? A Mariana tá uma moça; o Gustavo é a cara do pai, quer tudo do bom e do melhor. Pensando nisso, vou conversar com o Henrique sobre a pensão... Ai, meu Deus do céu! As crianças acordaram. 

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