Esquina Vadia

Barreiros. Um mundo. Uma aldeia. Uma esquina. Duas vias. A Leoberto Leal. A Santo Antônio. O encontro de amigos. Sem hora marcada. Sem medo da vida. Cadê compromisso? Manhã ensolarada. O suave da brisa. A menina que volta da padaria. O saco de pão. O assobio. O sorriso escondido. O andar apressado. A moça de cabelo molhado. O homem fumando à janela. A professora de óculos. Os livros na mão. A senhora corcunda. O leite derramado - não tem solução? O barulho da máquina. O homem trabalha. A poeira levantada. A bicicleta desejada. O futebol sem goleiro. A descida de rolimã. O menino. O tombo. O choro. O pai que ralha. A mãe que cuida. A ferida que sara. O roubo da fruta. O homem que grita. A pedra. A fuga. O retorno. O ajuntamento – de novo! A mulher de barriga. O cigarro escondido. O homem que vai. Os pés descalços. A roupa molhada. O balaio. A tarrafa. O peixe. O louco da vida. O poste. A música alta. O carro lotado. Os olhos atentos. A mulher de saia - não tem coração? O carro enguiçado. A ajuda. A união. O sol do meio-dia. Barriga roncando – a fome! O operário descansa. A esquina vazia. E a vida? Uma continuação... A tarde que chega. A volta. A aglomeração – de novo! A mesma menina que passa. O uniforme. A escola. Quando crescer vai ser o quê? Sonhos são ondas no mar. A mulher e o marido. O beijo. O adeus. O vendedor de algodão doce. O vendedor de picolé. O vendedor de banana recheada. Todos vendem. Todos passam. Tudo passa. E a vida, uma passagem? A tarde cai. A chuva de verão. A mulher molhada. As crianças na chuva. Os pés na poça d’água. A mãe que grita: cuidado com os raios! Ninguém dá atenção. A chuva cessa. O arco-íris – cadê o tesouro? A alegria é farta. O tempo é todo. A vida é sempre. Outros amigos que chegam. É a esquina lotada. É a conversa vazia. É o aperto de mão. A roda de samba. O grito de gol. A cachaça. Um homem reclama. A polícia que passa - pega ladrão! O senhor de bengala. O braço engessado. O passeio. O namoro. A briga. A separação. A noite é alta. O cansaço do corpo. A volta pra casa. Esquina vadia. O amanhã? Um recomeço...