quarta-feira, 7 de março de 2012

Artesão

Vontade de construir palavras
Como se madeira eu entalhasse
Teus contornos – o molde
Palavras novas
Nuca dantes ditas
Para fugir da imutabilidade
Do outro em nós
Ser apenas eu
Ser apenas tu
Ser
Apenas
E nessa construção
Reinventar um sentimento
Para que entendas a minha língua
Para que aceites o meu erro
Para que aceites o teu engano
Que...
O meu desejo
Sem pressa
Sem pânico
Sem outros planos
Sem outras máscaras
Apenas eu
Apenas tu
Apenas...
Algumas palavras
Que nem percebas
Que tem endereço certo:
O bater do teu peito
Na minha mão
Vontade de construir castelos
De areia e pedra e cal
Pintar um sonho
E entregar-te
Sem mistérios
Sem medo
Sem (pre) conceito
Sem tempo
Do teu sorriso na minha boca
Da minha boca do teu sorriso
Erguer casas sem paredes
Tetos de vidro
Pisar em estrelas
Acariciar o teu chão
E te fazer ouvir músicas
Com o meu silêncio
Acordes breves
Sonhos longos
Em cada fase da lua
Em cada novo amanhecer
Uma nova palavra
Um novo gemido
Olhar nos teus olhos
(O mundo não vai entender)
E - como se artesão fosse
Aprender a ler
O momento

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